Estudo de Conhecimentos, Atitudes e Práticas sobre o Aborto Seguro e Autocuidados ligados à Saúde Reprodutiva na Guiné-Bissau

  • Coordenação:

Mamadú Aliu Djaló

  • Investigadora Principal:

Kátia Ribeiro Barreto

  • Co Investigadora Principal:

Miriam Nascimento Pereira

  • Local de realização do estudo: Bissau (Setor Autónomo de Bissau) e Cumura (Região de Biombo)

Bissau, abril de 2022

Agradecimentos

 

Conduzir um trabalho científico no atual contexto epidemiológico, social e económico da Guiné-Bissau é um desafio. O resultado deste trabalho só foi possível porque o contexto em que foi realizado não foi visto como um obstáculo intransponível, mas sim como uma oportunidade para ultrapassar, para demonstrar o nosso know-how, juntamente com o empenho e excelente colaboração das personalidades e indivíduos (coletivos) reunidos ao longo de todo o trabalho de campo.

Gostaria de expressar a minha mais profunda e sincera gratidão à equipa da ENDA Santé e da MINSAP (DGSMI, DRS de Bissau e DRS de Biombo), assim como a AGUIBEF, a Associação Céu e Terras e o Hospital de Mal de Hansem em Cumura pela colaboração para a realização deste estudo.

Embora devo limitar-me nos meus agradecimentos, não posso deixar de mencionar os meus colegas da ENDA Guiné-Bissau pela sua força e capacidade coletiva, e especialmente aos inquiridores, que foram persistentes e incansáveis no trabalho de campo para atingir os objetivos, para a mobilização dos participantes e para a superação de quaisquer barreiras.

Em particular, estou ciente de que os resultados deste trabalho servirão de base para a tomada de decisões estratégicas no domínio da saúde sexual reprodutiva com o objetivo de melhorar os acessos aos serviços de saúde, bem como para futuros estudos na Guiné-Bissau. Gostaria de expressar os meus especiais agradecimentos às mulheres e raparigas que participaram neste trabalho e a todas elas o nosso profundo apreço e gratidão pela sua colaboração e perseverança.

 

Mamadú Aliu Djaló

 

Diretor Nacional ENDA Tiers Monde/ENDA Santé

Resumo

 

A Guiné-Bissau não dispõe de diretrizes nacionais de orientação para a realização do aborto seguro e de autocuidados no domínio da saúde reprodutiva, sendo que às diretrizes estão disponíveis a nível internacional através das orientações da OMS.

Durante as últimas duas décadas, a evidência relacionada com a saúde, as tecnologias e os fundamentos lógicos dos direitos humanos para propiciar um atendimento seguro e integral para a realização de aborto seguro avançou amplamente. Apesar desses avanços, estima-se que a cada ano são feitos 22 milhões de abortos em condições inseguras, acarretando a morte de cerca de 47.000 mulheres e disfunções físicas e mentais em outras 5 milhões de mulheres (Abortamento seguro: Orientação técnica e de políticas para sistemas de saúde da OMS 2ª edição).

Os resultados deste estudo CAP servirão de base a elaboração e adaptação das diretrizes nacionais sobre aborto seguro e autocuidados na saúde reprodutiva através do fornecimento de informações sobre os conhecimentos, atitudes e práticas das mulheres e raparigas dos 15 aos 49 anos.

Para melhor compreensão da complexidade do objeto de estudo, foram utilizadas e combinadas as metodologias quantitativas e qualitativas durante todas as diferentes fases do estudo tendo sido adotado o rigor científico e metodológico.

Para a obtenção dos resultados do estudo CAP foram entrevistadas um total de 500 Mulheres e raparigas das quais 349 são Mulheres com faixa etária compreendida entre 18 e 55 anos e 151 são Raparigas com faixa etária compreendida entre 15 e 17 anos, do total das entrevistadas 136 estavam grávidas. 

Do total das entrevistadas 24% já teve algum aborto, entre as quais 38% teve complicações graves em decorrência do aborto, 72% das entrevistadas classifica os serviços prestados como sendo Bom ou Muito Bom, 12% classifica como sendo péssimos. A maioria parte dos entrevistados 85% assume que utiliza pelo menos um método contracetivo, entre os quais os mais utilizado são preservativos (43%), Jadelle (35%) e Pílula (10%), a dificuldade mais apontada para a obtenção dos produtos quando a entrevista está com o período menstrual é a questão financeira com a taxa de 87%, a disponibilidade dos produtos com 7%, das famílias entre 6 a 10 pessoas 60% tinham o rendimento mensal inferior a 50.000 xof, 3% das entrevistadas considera a possibilidade de realizar um aborto em casa ou com um curandeiro, 20% das residências das participantes ficavam a mais de 5 km da estrutura sanitária onde procuram serviços

Segundo as entrevistadas na temática de autocuidados gostariam de ter mais informação sobre Planeamento familiar, Cuidados durante a gravidez e o parto, Prevenção do cancro do colo do útero, Prevenção do cancro da mama, Prevenção das IST/VIH. Quanto a temática de aborto seguro as entrevistadas gostariam de ter mais informação sobre sítios para a realização de aborto, custo para a realização do aborto, profissionais que podem realizar o aborto, idade gestacional para a realização do aborto. 

De salientar que para a realização do Estudo CAP foi utilizada as novas tecnologias de informação (questionários foram preenchidos nos tablets).